Aurora Dourada: Retorno By Ricardo Almeida

Capítulo 268

Embora mantivesse um silêncio na superfície, não sabia como explicaria aquilo ao voltar…

“Isabella, alcançar o top três já é algo incrível para mim…” Emília Cardoso falou baixinho, com uma emoção transbordante, “Não importa se vou ganhar o primeiro lugar ou não, já estou satisfeita.”

Afinal, estar entre os três primeiros já têm a chance de participar da competição internacional…

Participar significava ter a chance de encontrar Zaira…

Gostaria de saber se a Zaira será uma das juradas no evento internacional…

“Se é para fazer, que seja feito da melhor maneira.” Isabella olhou para frente, com uma expressão serena e uma voz suave, “As pessoas só se lembram de quem foi o campeão. Os nomes do segundo e terceiro lugares são frequentemente esquecidos.”

Ao ouvir isso, Emília Cardoso se sentiu inspirada e recuperou sua confiança para lutar pelo primeiro lugar.

“Antes de eu anunciar o conteúdo da terceira partida, por favor, convide nossas modelos de hoje, Diana, Letícia e Heloísa, com os maiores aplausos.”

Conforme a voz do apresentador se extinguiu, todos ficaram surpresos – ainda havia modelos para hoje?

As três garotas caminharam lentamente para o palco, e todos ficaram chocados.

Eram garotas com deficiência?

“Diana, no terremoto do ano passado na Cidade do Rio, ficou presa sob os escombros por três dias e três noites. Ela perdeu não apenas sua perna esquerda, mas também sua família.”

“Letícia, em um incêndio, teve queimaduras graves nas mãos e nos pés, com cicatrizes expostas, e andava mancando.”

“Heloísa, devido ao trabalho exaustivo com maquinário, teve sua mão esquerda

acidentalmente triturada.”

“Elas são jovens como flores, mas sofreram torturas desumanas cedo demais. O desafio de hoje é para os designers criarem um conjunto de roupas que seja perfeito para elas, que possa mostrar sua beleza.”

Diana foi designada para o grupo de Emília Cardoso e Isabella.

Emília Cardoso olhou para a perna mecânica de Diana, mal podendo conter sua empatia.

Será que

doía

para ela andar?

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“Desvie seu olhar.” Isabella lembrou-a com uma voz tranquila.

O olhar do mundo externo, seja de bondade, curiosidade, pena ou simpatia, pode ser um golpe imenso para uma pessoa com deficiência.

“Agora você é uma designer. Criar o vestuário perfeito para ela é o que você deve fazer.”

Ouvindo as palavras de Isabella, Emília Cardoso redirecionou sua atenção e começou a trabalhar com os materiais fornecidos pelos organizadores, criando um conjunto esportivo incrível para Diana.

Ela fez isso sem consultar Isabella, decidindo por si mesma revelar a prótese na perna esquerda de Diana.

Isso era o que Isabella esperava.

Em contraste, os designers de número 21 e 29 optaram por esconder as imperfeições de suas modelos, tentando fazê-las parecer “normais”.

Quarenta minutos depois, as três modelos desfilaram no palco com as roupas feitas sob medida pelos designers.

Oliver Neves pegou o microfone e perguntou a Emília Cardoso sobre sua escolha, “Por que você decidiu expor a prótese?”

Segurando o microfone firmemente, Emília Cardoso respondeu com seriedade, “Eu queria mostrar para Diana e muitas outras pessoas como ela que não devem ter medo de suas próteses nos assustarem. Acredito que são mais como medalhas de honra e devem ser exibidas com orgulho. Vocês são dignas de apreciação e afeto.”

Diana, ouvindo isso, sentiu suas lágrimas brotarem.

“Ninguém tem o direito de julgar vocês, dizer que não são boas. O que é bom ou ruim é decidido por vocês mesmas. Talvez o mundo associe pernas saudáveis com esportes, mas esporte é sobre o espírito de luta. Mesmo faltando uma perna, isso não impede o amor próprio. Vocês ainda podem correr, brilhar e resplandecer no palco da vida.”

Diana assentiu, incapaz de conter as lágrimas que rolavam pelo seu rosto.

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