Capítulo 5
Jorge olhou silenciosamente para Liliane por um momento, depois desviou o olhar e saiu.
A porta do escritório foi fechada novamente, e Liliane apoiou a testa na palma das mãos para esconder sua tristeza.
As ações de William deixaram claro que a pessoa com quem ele realmente se importava tinha voltado, e era hora dela, como substituta, abrir caminho.
Ouviu-se um zumbido…
O som da vibração do celular na mesa trouxe Liliane de volta à realidade.
Ao ver “Dr. Carlos Dellarte”, o nome do médico principal de sua mãe, piscando na tela, Liliane atendeu apressadamente.
– Dr. Carlos! – Liliane falou com nervosismo. – Tem algo errado com a minha mãe?
Carlos respondeu:
– Liliane, você tem tempo para vir ao hospital agora?
O tom claramente preocupado de Dr. Carlos fez Liliane se levantar imediatamente.
– Tenho! Estou indo agora mesmo!
…
Vinte minutos depois.
Usando apenas uma camisa social, Liliane saiu do carro em frente ao hospital.
Uma rajada de vento frio passou e Liliane espirrou de repente, se apressando em direção ao prédio do hospital.
Mas assim que saiu do elevador, viu um homem de jaqueta, parado em frente à porta do quarto de sua mãe.
Ele estava com um cigarro na boca, parecendo arrogante enquanto conversava com o Dr. Carlos.
Assim que o viu, Liliane apertou os punhos e caminhou rapidamente em sua direção.
O som dos passos fez tanto o Dr. Carlos quanto o homem virarem a cabeça para olhar.
Ao ver Liliane, o homem sorriu debochadamente:
– Ora, a secretária Liliane está aqui!
Liliane olhou para o Dr. Carlos com um olhar de desculpas e depois falou friamente para o homem que fumava:
– Seu Pereira, acho que deixei bem claro que mesmo que vocês queiram cobrar, não devem vir cobrar no quarto da minha mãe aqui no hospital. Nôvel/Dr(a)ma.Org - Content owner.
Seu Pereira deu uma tragada no cigarro e disse:
– Seu pai está desaparecido de novo, se não viermos atrás da sua mãe, quem mais podemos procurar?
Liliane segurou a raiva em seu coração e perguntou a Seu Pereira:
– Quanto é dessa vez?
– Não é muito, trinta mil, incluindo os juros!
A expressão de Liliane ficou sombria:
– No mês passado eram apenas quinze mil!
Seu Pereira riu friamente e olhou para Liliane.
– Nesse caso, você precisa perguntar ao seu pai. O contrato de empréstimo está aqui, você conhece a letra dele. Eu só estou cobrando o dinheiro que é devido.
Após falar, Seu Pereira tirou o contrato de empréstimo e entregou a Liliane, para ela ver.
Liliane estava com raiva, mas não encontrou argumentos para rebater.
Afinal, seu pai tinha um vício em jogos de azar e estava sempre pedindo dinheiro emprestado para apostar. Nos últimos anos, sempre que ela terminava de pagar uma dívida antiga, aparecia uma nova.
Enquanto o dinheiro não fosse devolvido, esses credores viriam até sua mãe.
Considerando que sua mãe não podia suportar estresse no momento, Liliane escolheu engolir seu orgulho e disse:
– Está bem! Vou te dar o dinheiro! Mas se vocês ousarem vir ao hospital novamente, não esperem receber nem um centavo sequer de mim!
Depois de falar, Liliane pegou seu celular e escaneou o código Pix de Seu Pereira, transferindo diretamente trinta mil para ele.
Ao receber o dinheiro, Seu Pereira balançou o celular e foi embora sem enrolações.
Dr. Carlos olhou preocupado para Liliane, comentando:
– Liliane, isso não resolve o problema, você vai ficar sempre sob pressão.
Liliane sorriu amargamente:
– Apesar de tudo, ele é meu pai.
Ao ver o rosto pálido de Liliane, Carlos franziu a testa levemente, questionando:
– Você não está se sentindo bem?
– Não, estou bem… – Ela balançou a cabeça, mas sua mente ficou tonta por um momento, quase perdendo o equilíbrio.
Carlos rapidamente estendeu a mão para segurá-la, mas ao tocar sua pele quente, ele hesitou por um instante, perguntando:
– Liliane, você não percebeu que está com febre?
Uma expressão raramente repreensiva apareceu em seu rosto normalmente gentil.
Liliane puxou o braço de volta e tocou seu rosto quente, respondendo:
– Estou ocupada demais com o trabalho e não prestei muita atenção. Vou tomar alguns remédios depois, obrigada, Dr. Carlos. Vou entrar e ver minha mãe.
Depois de falar, ela contornou Carlos e entrou no quarto do hospital.
Dentro do quarto, ao ver o rosto pálido e encovado de sua mãe devido à doença, Liliane sentiu uma onda de tristeza em seu coração.
Ela piscou os olhos rapidamente, e só se aproximou depois de recompor suas emoções.
– Mãe, já terminou os soros de hoje? – Perguntou Liliane.
Fátima Aintablian, deitada na cama, virou lentamente a cabeça e olhou para Liliane com expressão de aflição, dizendo:
– Seu pai está causando problemas para você novamente.
Liliane sorriu despreocupadamente e, enquanto servia um pouco de água morna no copo de Fátima, disse:
– Não se fala mal da própria família.
Quanto mais Liliane mostrava maturidade, mais sufocada Fátima se sentia em seu coração.
Depois de um momento de silêncio, ela começou:
– Lili, saia dessa casa.
A mão de Liliane que segurava o copo parou por um momento.
– Não diga mais isso, você é minha mãe, não posso te abandonar.
– Então você quer que as dívidas do seu pai te arruínem? – Fátima de repente ficou um pouco exaltada.
Liliane sorriu levemente, tentando parecer despreocupada:
– Mãe, meu salário anual não é baixo. Vocês me criaram até agora, agora é minha vez de cuidar de vocês, não é?
Fátima franziu a testa e falou com voz severa:
– Cuidar de seus pais não devia arruinar sua vida! Eu sei muito bem como meu corpo está, a morte é certa! Se você me ouvir, se mude para bem longe daqui!
– Mãe! – Liliane segurou a mão de Fátima com urgência. – Eu te prometo que vou cuidar de mim mesma, está bem?
Fátima olhou para Liliane e viu uma névoa nos olhos dela, o que a deixou muito desconfortável.
Mas como ela poderia suportar a ideia de deixar a filha lidar sozinha com tantas dívidas?
Ela sabia muito bem o tipo de pessoa que era seu marido. Ele havia passado toda sua vida apostando e era como um poço sem fundo!
Ao pensar nisso, Fátima fechou os olhos, suspirou profundamente e disse:
– Lili, tem algo que eu preciso te contar.